A agricultura familiar de Mato Grosso do Sul demonstrou sua força no primeiro semestre de 2025, ao movimentar mais de R$ 5,1 milhões por meio de políticas públicas de compras institucionais. O levantamento da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) indica uma trajetória de crescimento consistente, com 251 propostas elaboradas e protocoladas para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Os números consolidam uma tendência de expansão observada nos últimos anos. O valor total movimentado pelos dois programas saltou de R$ 5,47 milhões em 2022 para R$ 7,38 milhões em 2023, uma alta de 34,87%. Em 2024, o montante atingiu R$ 11,07 milhões, um avanço de 50% sobre o ano anterior e mais que o dobro do valor registrado dois anos antes.
O desempenho de 2024 foi impulsionado por municípios com forte vocação agrícola. Sidrolândia liderou com mais de R$ 2,2 milhões em projetos, seguida por Naviraí (R$ 1,13 milhão), Itaporã (R$ 685,8 mil), Coronel Sapucaia (R$ 626,7 mil) e Anastácio (R$ 548,5 mil). Juntas, essas cinco cidades concentraram metade do valor total dos projetos elaborados no estado, evidenciando o impacto da assistência técnica local.
“Estamos promovendo a inclusão produtiva de agricultores familiares e povos originários, garantindo mercado para seus produtos. Também estamos contribuindo diretamente para a segurança alimentar dessas populações. Essa é uma política pública estratégica, alinhada à prioridade do Governo de construir um Estado cada vez mais inclusivo e sustentável”, comentou Jaime Verruck, secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
A assistência técnica oferecida pela Agraer é um fator determinante para o acesso dos produtores a esses mercados. O trabalho dos técnicos abrange desde a orientação para organização documental até o acompanhamento da produção para garantir a qualidade exigida pelos editais.
“O trabalho dos técnicos da Agraer no sentido de orientar, acompanhar, ajudá-los a se organizarem para apresentar as propostas e dar um suporte contínuo, tanto na parte produtiva quanto na parte de elaboração dos projetos, tem sido decisivo”, destaca Izabel Cristina Pereira, gerente de Desenvolvimento Agrário e Abastecimento da Agraer.
A agricultora orgânica Marlene Azambuja, do Polo Agroecológico Oeste, exemplifica como os programas transformam a realidade no campo. Com o apoio da Agraer, ela regularizou sua documentação em 2023, emitindo o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), documento que a habilitou para os programas.
“Participo dos projetos do PAA e do PNAE. O apoio da Agraer foi fundamental para minha entrada”, relata Marlene. Ela fornece hortaliças como alface, couve, rúcula e cheiro-verde para duas escolas por meio do PNAE, atuando de forma individual. “Em outubro, completamos três anos de certificação orgânica pelo IBD, um marco importante na nossa caminhada”, afirma a produtora.
Dos 251 projetos registrados no primeiro semestre de 2025, 30 são do PAA e 221 do PNAE. O maior volume de recursos está concentrado nos projetos do PAA protocolados (R$ 1,47 milhão) e nos contratos do PNAE municipal (R$ 1,44 milhão), o que demonstra o impacto direto na renda dos produtores em todas as regiões do estado.
Com a recente abertura de um edital do PAA estadual voltado especificamente para a compra de alimentos de comunidades indígenas, a expectativa é de que os números de comercialização continuem a crescer nos próximos meses.