Setor florestal tem 23 dias para reverter tarifa dos EUA
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Publicado em 10/07/2025 18h04

Setor florestal tem 23 dias para reverter tarifa dos EUA

A imposição de tarifas de até 50% pelos EUA sobre produtos florestais brasileiros acende alerta no setor, que busca uma solução diplomática.
Por: Redação

A indústria brasileira de base florestal foi surpreendida com o anúncio de novas tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos sobre seus produtos. A medida gerou reação imediata na cadeia produtiva, que agora opera sob um cenário de incerteza e busca caminhos para mitigar os impactos econômicos.

Para Fabio Brun, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), a decisão é negativa e ocorre em um momento delicado. “O que torna essa decisão ainda mais complicada é o fator surpresa. Não se esperava que isso fosse anunciado agora, principalmente após uma tarifa semelhante já ter sido aplicada desde o dia 1º de abril”, afirmou Brun.

A nova barreira tarifária agrava as condições para a indústria nacional, que já enfrenta custos de produção elevados e desafios logísticos para escoar seus produtos. A medida afeta diretamente a exportação de madeira processada, painéis, papel e celulose, que têm no mercado norte-americano um de seus principais destinos.

Argumento econômico questionado

O governo dos Estados Unidos justificou a taxação com base em um suposto desequilíbrio na balança comercial com o Brasil. Contudo, a justificativa é contestada por representantes do setor. “Na verdade, o Brasil é deficitário na relação com os Estados Unidos. Então, é difícil encontrar base econômica concreta para justificar essa medida”, apontou o presidente da APRE.

A percepção na cadeia produtiva é que a decisão possui uma motivação mais política do que técnica, o que desloca o eixo das negociações. “A composição para reverter essa situação terá que ser política e diplomática”, avaliou Brun, indicando que a solução depende de uma articulação em alto nível entre os dois governos.

Exportações do Sul para os EUA

Em 2023, os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul exportaram juntos US$ 1,37 bilhão em produtos de madeira para os EUA, o que corresponde a 86,5% do total nacional no setor.

O Paraná se destaca como um dos maiores fornecedores de madeira para o mercado norte-americano, principalmente de compensado, madeira serrada e molduras de pinus. Esses produtos são insumos importantes para a construção civil dos EUA. Dados da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) mostram que aproximadamente 40% dessa madeira tem origem no estado.

Prazo curto para negociação

A indústria e o governo brasileiro correm contra o tempo. Existe uma janela de 23 dias para que uma negociação diplomática possa evitar ou ao menos reduzir o alcance da tarifa. “É onde o Brasil vai ter que colocar as fichas agora”, declarou Fabio Brun sobre o esforço de articulação que precisa ser feito.

Caso as conversas não avancem, o setor terá que se adaptar rapidamente. Brun alerta que as empresas precisam começar a desenhar planos alternativos para proteger suas operações. “Se essa decisão for mantida, o setor vai precisar buscar rapidamente alternativas para reduzir o impacto negativo”, disse.

A medida compromete a competitividade dos exportadores brasileiros, que agora precisam reavaliar estratégias comerciais, redirecionar volumes para outros mercados e analisar a estrutura de custos internos.

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