O Brasil, maior exportador de carne de frango do mundo, enfrenta restrições comerciais impostas por mais de 40 nações após a notificação de casos de gripe aviária em granjas comerciais.
Um relatório da Bateleur, intitulado "Gripe Aviária: Impactos no Setor Avícola Global e Nacional", estima que o embargo pode resultar em perdas mensais de até US$ 380 milhões para o setor.
Os países que mantêm o embargo representam cerca de 45% do total exportado pelo Brasil. Em abril, esses países compraram 210 mil toneladas de frango, a um preço médio de US$ 1.811 por tonelada.
O estudo da Bateleur ressalta que a diversificação dos destinos do frango brasileiro e os surtos da doença em outros grandes exportadores podem mitigar os prejuízos.
Antes dos casos de gripe aviária, a avicultura brasileira apresentava um crescimento de 10% nas exportações no acumulado do ano, com expectativa de redução de custos devido a uma safra robusta.
A piora do quadro da gripe aviária no Brasil impacta a oferta global de carne e a dinâmica de preços internacional.
"A interrupção parcial das exportações brasileiras representa um choque de oferta relevante no comércio global de proteína animal", afirma Henrique Trevisan, sócio da Bateleur.
Trevisan complementa: "Esse movimento tende a gerar distorções de preços nos principais mercados consumidores e acentuar a volatilidade em países dependentes do frango brasileiro".
O Brasil busca transformar os embargos nacionais em regionais, restringindo as exportações apenas das áreas afetadas.
Alguns países, como Emirados Árabes Unidos e Japão, já preveem embargos regionais em seus contratos comerciais com o Brasil.
O relatório da Bateleur aponta que o excedente de produtos não exportados deve ser direcionado ao consumo doméstico.
Essa medida pode aumentar a oferta interna e impactar os preços nos próximos meses.
"O volume represado deve gerar uma sobreoferta significativa no curto prazo, o que pode provocar quedas nos preços ao produtor e margens mais apertadas para a indústria", comenta Trevisan.