Embrapa lidera projeto para recuperação de 160 milhões de hectares de pastagens
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Publicado em 06/06/2025 11h03

Embrapa lidera projeto para recuperação de 160 milhões de hectares de pastagens

A FAPESP aprova projeto de R$2 milhões coordenado pela Embrapa para diagnosticar e monitorar pastagens degradadas no Brasil, visando a recuperação ambiental, social e econômica.
Por: Wisley Torales

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) aprovou um novo projeto coordenado pela Embrapa, com recursos de R$2 milhões, para o "Diagnóstico qualitativo, monitoramento e prospecção de cenários futuros para conversão de pastagens degradadas no Brasil". A iniciativa, liderada pela pesquisadora Patrícia Menezes Santos, da Embrapa Pecuária Sudeste, envolverá uma rede de instituições acadêmicas, de extensão rural e de centros de pesquisa.

O projeto visa enfrentar o desafio da degradação de pastagens no Brasil, que ocupam cerca de 160 milhões de hectares, segundo dados do MapBiomas. Grande parte dessa área apresenta algum grau de deterioração, impactando negativamente o meio ambiente, a economia e a sociedade.

A recuperação ou conversão dessas áreas em sistemas de produção sustentáveis pode trazer múltiplos benefícios. Entre eles, destacam-se o aumento da produtividade, a melhoria do desempenho animal, o ganho de peso, a conservação do solo e da água, o aumento da fertilidade do solo e o sequestro de carbono.

As estatísticas sobre a degradação de pastagens no Brasil variam devido à falta de padronização de conceitos e às limitações dos métodos de diagnóstico. A extensão territorial do país e a diversidade de biomas exigem métricas diferenciadas para mensurar os processos de degradação em cada região.

De acordo com Patrícia Santos, o aprimoramento dos métodos de diagnóstico é fundamental para o estabelecimento de metas e o monitoramento de políticas públicas relacionadas às pastagens, como a Taxonomia Sustentável Brasileira e o Programa Caminho Verde. Além disso, contribuirá para a melhoria das informações do Inventário Nacional de Gases.

O projeto tem como objetivo apoiar o planejamento e o monitoramento de políticas nacionais. Entre os principais resultados esperados estão:

  • Indicadores e critérios de degradação de pastagens naturais e plantadas.
  • Protocolos de coleta de dados de campo para treinamento e validação de modelos de diagnóstico de qualidade das pastagens.
  • Bases de dados de campo para treinamento de modelos baseados em inteligência artificial e geotecnologias.
  • Sistema de software baseado em modelos de inteligência artificial explicáveis para análise de cobertura vegetal em imagens.
  • Métodos aprimorados de diagnóstico qualitativo das pastagens por meio de sensoriamento remoto.
  • Mapeamento da qualidade das pastagens em polos pecuários brasileiros.
  • Sistema de software baseado em modelos biofísicos para aplicações em potenciais produtivos e análises de risco.
  • Avaliação de impacto de cenários de conversão de pastagens considerando indicadores de mitigação de emissões e adaptação dos sistemas de produção às mudanças climáticas.
  • Requisitos para o desenvolvimento de protocolos e sistemas de monitoramento do Programa Caminho Verde.

Diversas instituições participam do projeto, incluindo Embrapa Pecuária Sudeste, Embrapa Gado de Leite, Embrapa Meio Ambiente, Embrapa Solos, Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Acre, Embrapa Caprinos e Ovinos, Embrapa Gado de Corte, Embrapa Cerrados, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Instituto de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, Instituto Federal Fluminense, Universidade Federal do Ceará, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Emater MG. A University of Edinburgh colaborará com as atividades relacionadas à prospecção de cenários futuros. O Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás e o Climate Policy Initiative comporão um comitê consultivo do projeto.

A recuperação de pastagens degradadas promove a melhoria da fertilidade do solo, a proteção do solo contra a erosão, a oferta de forragem de qualidade, o aumento da matéria orgânica no solo, o controle da erosão e a infiltração da água, além de evitar o assoreamento dos cursos d´água e preservar os nutrientes do solo.

Pesquisas da Embrapa indicam que, em uma área de pastagem degradada, a produção dificilmente ultrapassa 150 kg de peso vivo por hectare anualmente. Em uma pastagem recuperada, essa produção pode dobrar ou triplicar, gerando mais renda para o pecuarista.